As crónicas de André Santos em Los Santos (agora em 1080p) #2

Voltar a Los Santos teve os seus efeitos estranhos. Senti como se fosse a primeira vez, não porque o jogo seja diferente, mas porque numa segunda vez, mais de um ano depois, há coisas que ganham uma nova perspectiva. Por exemplo, não me recordo de na altura ter achado os primeiros vinte minutos de “Grand Theft Auto V” assim tão cinematográficos/televisivos. O balanço parece perfeito e tudo acontece de uma maneira tão suave e bem escrita que bem poderia ser os primeiros dez minutos de um episódio-piloto.

Está tudo bem montado. Primeiro com aqueles breves instantes no passado, com o Michael e o Trevor, depois a passagem para a consulta do Michael é um cenário perfeito para introduzir a personagem e sabermos parte da vida miserável que leva. E já não me lembrava de como daí, depois da consulta, a história passa do Michael para o Franklin de um modo muito pragmático mas sem parecer natural. E ficamos dentro do jogo sem sabermos muito bem como. E logo ali dá para ficar admirado.

A passagem para a Playstation 4 tem claramente muitos benefícios. O trabalho da Rockstar, e ainda só ando dentro da cidade, foi exímio. A nível gráfico é bastante melhor mas o que mais sinto são os 30 fps fixos (embora já tenha sentido umas quebras), tornam o jogo muito mais fluído e a condução em alguns momentos torna-se verdadeiramente vertiginosa com uma percepção de uma velocidade mais pujante e um maior número de carros na estrada.

Honestamente, estava com receio de não gostar de voltar a viver o jogo. E não é pelo jogo em si, mas a percepção do tempo que iria demorar, o reviver certas cenas, o medo da repetição quando poderia estar a fazer outra coisa qualquer. Isso passou num instante. O fervilhar de uma cidade bastante viva – agora ainda mais viva – foi suficiente e imediato para tirar ideias parvas da cabeça. Isto é “Grand Theft Auto”, por que raio não quereria eu repetir se até já fiz noutros capítulos? E este é um dos melhores da série.

Mas a cidade viva. A cidade viva. A imensidão é suprema, mas o que sentia falta – de qualquer jogo, na verdade – é a percepção de que a qualquer momento pode acontecer alguma coisa que não tem a ver connosco. Claro que isto existe noutros jogos, até de forma melhor, mas nenhum outro dá aquela sensação de frenesim, de imediato, susto, pânico, quase como se tivéssemos numa cidade real. É exagerado, sim, mas fico grato por poder ser um voyeur em Los Santos.


E não consigo de me deixar de sentir um puto, rir-me desalmadamente, quando coisas como no vídeo acima acontecem. Sou eu, um pouco confuso sobre o que fazer, porque por alguma razão não topei que o veículo que tinha gamado só dava para uma pessoa. Solução? Roubar o que está mais perto. É bom estar de volta.