Ps4

As crónicas de André Santos em Los Santos (agora em 1080p) #3

É frequente sentir que não estou a fazer nada em "Grand Theft Auto V". E depois entra aquela máxima do "estás sempre a fazer qualquer coisa". Mesmo quando dizemos cá para dentro "não estou mesmo a fazer nada". A versão da PS4 tem mais uma coisa que contribui para esses momentos, a perspectiva na primeira pessoa.

É óbvio que é ou será útil para certas situações, bolas, em primeira instância oferece praticamente um jogo novo, uma nova forma de jogar. Mas o seu carácter de novidade faz com que entre naquele território de coisas perigosas que "vou fazer quando não estou a fazer nada". E é assim, por vezes, sem dar conta disso, estou a vegetar na primeira pessoa. A ver pessoas, a conduzir (é bastante mais fácil do que pensava, aliás, até passei a gostar mais de conduzir assim) e a tentar fazer saltos ridículos.

É fácil procrastinar em "GTA V". Mas ainda mais fácil é dar por mim a pensar em coisas realmente inúteis como "o Michael tem uma quantidade absurda de carros" ou acreditar que é impossível cruzar-me com outras das minhas personagens sem que isso faça parte da narrativa no jogo. Assim, por acaso. Porque quando não estou a jogar com elas, pergunto o que elas estarão a fazer, o que aconteceria se as encontrasse de repente na rua. Por vezes quando oiço a polícia, penso que pode ser a polícia atrás da personagem que não estou a controlar. Vou sempre ver o que se passa, algo que agora ainda é mais divertido na perspectiva da primeira pessoa. Ontem senti que poderia estar a gravar imagens que iria vender a um canal de televisão.

Ontem fiquei impressionado com a quantidade de pinturas da família que o Michael tem em casa. Estive a ver todas as divisões, todos os cantos da casa. Acho que nunca tinha feito isso. Ou talvez já tenha feito e não me lembre. É normal não me lembrar. Afinal, é natural não nos lembrarmos das coisas normais, das coisas que não nos dizem nada, daquilo que não foge à rotina. E "GTA V" sabe bem meter-nos nessa rotina, lá dentro, quando não estamos loucos numa missão, a normalidade é estranhamente real. 

As crónicas de André Santos em Los Santos (agora em 1080p) #2

Voltar a Los Santos teve os seus efeitos estranhos. Senti como se fosse a primeira vez, não porque o jogo seja diferente, mas porque numa segunda vez, mais de um ano depois, há coisas que ganham uma nova perspectiva. Por exemplo, não me recordo de na altura ter achado os primeiros vinte minutos de “Grand Theft Auto V” assim tão cinematográficos/televisivos. O balanço parece perfeito e tudo acontece de uma maneira tão suave e bem escrita que bem poderia ser os primeiros dez minutos de um episódio-piloto.

Está tudo bem montado. Primeiro com aqueles breves instantes no passado, com o Michael e o Trevor, depois a passagem para a consulta do Michael é um cenário perfeito para introduzir a personagem e sabermos parte da vida miserável que leva. E já não me lembrava de como daí, depois da consulta, a história passa do Michael para o Franklin de um modo muito pragmático mas sem parecer natural. E ficamos dentro do jogo sem sabermos muito bem como. E logo ali dá para ficar admirado.

A passagem para a Playstation 4 tem claramente muitos benefícios. O trabalho da Rockstar, e ainda só ando dentro da cidade, foi exímio. A nível gráfico é bastante melhor mas o que mais sinto são os 30 fps fixos (embora já tenha sentido umas quebras), tornam o jogo muito mais fluído e a condução em alguns momentos torna-se verdadeiramente vertiginosa com uma percepção de uma velocidade mais pujante e um maior número de carros na estrada.

Honestamente, estava com receio de não gostar de voltar a viver o jogo. E não é pelo jogo em si, mas a percepção do tempo que iria demorar, o reviver certas cenas, o medo da repetição quando poderia estar a fazer outra coisa qualquer. Isso passou num instante. O fervilhar de uma cidade bastante viva – agora ainda mais viva – foi suficiente e imediato para tirar ideias parvas da cabeça. Isto é “Grand Theft Auto”, por que raio não quereria eu repetir se até já fiz noutros capítulos? E este é um dos melhores da série.

Mas a cidade viva. A cidade viva. A imensidão é suprema, mas o que sentia falta – de qualquer jogo, na verdade – é a percepção de que a qualquer momento pode acontecer alguma coisa que não tem a ver connosco. Claro que isto existe noutros jogos, até de forma melhor, mas nenhum outro dá aquela sensação de frenesim, de imediato, susto, pânico, quase como se tivéssemos numa cidade real. É exagerado, sim, mas fico grato por poder ser um voyeur em Los Santos.


E não consigo de me deixar de sentir um puto, rir-me desalmadamente, quando coisas como no vídeo acima acontecem. Sou eu, um pouco confuso sobre o que fazer, porque por alguma razão não topei que o veículo que tinha gamado só dava para uma pessoa. Solução? Roubar o que está mais perto. É bom estar de volta.

As crónicas de André Santos em Los Santos (agora em 1080p) #I

Ontem quando programei o download na loja online da Sony estava longe de achar que quando chegasse a casa a consola já tivesse feito o download do “Grand Theft Auto V”. Do "Rogue Legacy" e do "Counterspy" sim, mas do “GTA V” não. Era muita fruta. Eu já perdi muito tempo a ver downloads a evoluir na Playstation 4 para saber que nunca é fácil. Cheguei a casa e fui ver o status da coisa, o estar ou não estar é daquelas coisas que muda por completo o planeamento de uma noite. Estava. Milagre. Estava o “GTA V” e todos os outros. Não conseguia acreditar.

Por uns minutos senti-me relaxado, mais logo poderia sentar-me, só teria de esperar uns minutos enquanto a coisa instalava, mas a espera seria facilmente superada com uns jogos de "Threes". Fiz o que tinha para fazer, comer, ver cenas, café, até lavei a loiça, numa onda de supremo relaxe para ir para Los Santos completamente descansado. Só eu e uma espécie de miragem de felicidade infinita

Por uns breves momentos, senti-me genuinamente feliz.

É raro as coisas correrem assim tão bem. Ligo a Playstation, sento-me no sofá, inicio o “GTA V”, levanto-me para fazer chichi (better safe than sorry) e quando volto já está a instalar. 1%. Deve ter começado agora, pensei. Começo a jogar "Threes". Estava tão confiante que tudo ia correr bem que até deixei os headphones postos enquanto passava a música genérica do "GTA V".

É agradável.

"Threes" é o "Tetris" para smartphones. Esqueçam os clones, as imitações, no "2048". "Threes" é aconchegante, as cores, as animações dos números, o modo absurdo como nos deixamos ficar a jogar mesmo fazendo péssimas pontuações sucessivas. Perco a noção do tempo a jogar "Threes", uso-o muito nas viagens de metro, são substancialmente mais curtas com essa companhia e como estou limitado de tempo, faço contra-relógios fictícios com a minha mente. Raramente resulta bem. E perco a noção do tempo. E fiquei espantando quando tinham passado trinta minutos e a instalação ainda estava nos 8%.

Lembrei-me que na PS3 também tinha demorado imenso tempo a instalar. Mas não tanto tempo assim. E as instalações até são rápidas na PS4. Merda, pensei. E pensei que poderia procurar no telemóvel se isto é normal, porque lembro-me de ter lido qualquer coisa sobre isso nesta semana. Mas a preguiça, ou o medo de enfrentar a verdade puseram a jogar "Nidhogg" na Vita. Já o tinha no PC, mas por qualquer razão, nunca lhe toquei quando soube que iria sair para consolas.

É divertido à brava, foram mais quarenta e cinco minutos bem passados, só tive pena de não ter conseguido jogar online, certamente será muito mais divertido do que fazê-lo contra o computador. Fica para outro dia. Uma hora e quinze minutos e nem aos 50% chegou. Raios. Tenho mesmo de ir à net. Vou, Google, e descubro que o "download completo" é semelhante ao do "Battlefield 4": uma farsa. Grande parte do download é feito durante a instalação, ou seja, quando cheguei a casa, o glorioso sucesso da minha consola em suspensão foi afinal um fracasso.

Ainda faltavam uns 10 GBs, era uma e tal da manhã e começo a pensar que esta coisa de viver no primeiro mundo é tramada: nada é fácil. Penso nas possibilidades, penso nas horas, e vejo que não tirei o disco do "Driveclub" da consola. Bem, o "GTA V" tem carros, o "Driveclub" é um jogo de carros: vai ser como ir de lua-de-mel para as Berlengas.

Chicago, Chicago #2

Continuo com a sensação de que "Watch Dogs" está longe de ser um mau jogo. Contudo, claramente não entrega um mundo que parecia prometer: e joga-se o jogo com esse sentido de desilusão. E não me refiro a gráficos, mas à dimensão e funcionamento do mundo criado: parecia oferecer algo diferente das raízes de "Grand Theft Auto III", mas tudo continua na mesma. E há algo de essencialmente triste nisto tudo, porque por mais divertido que "Watch Dogs" por vezes seja, é irritante olhar para o protagonista e aquilo parecer algo que se passa no universo de "Assassin's Creed". Vale a pena ler isto no Giant Bomb, vai de acordo com o que sinto (e continuo a achar a questão da banda-sonora do jogo completamente ridícula). Ao ponto de que o encostei um pouco e pus-me a jogar o novo "Wolfenstein".

“Ground Zeroes”: "ano zero"

“Kept you waiting, huh”. Estas são as primeiras palavras que ouvimos Kiefer Sutherland dizer como Snake/Big Boss na nova entrada da série “Metal Gear Solid”, “Metal Gear Solid V: Ground Zeroes”, uma introdução ao jogo completo que apenas chegará no próximo ano, “Metal Gear Solid V: The Phantom Pain”. Mas… Kiefer Sutherland? O “Kept you waiting, huh” é uma daquelas coisas que estamos à espera vindas de Hideo Kojima, o criador e o idealista de “Metal Gear” desde os seus tempos na NES, um homem que fundou um universo único e que vive um pouco à parte de tudo o resto, com as suas regras, façam ou não sentido.

Read More