Limbo

A Minha Biblioteca: Limbo

A Playstation 3 chegou algo atrasada a títulos relevantes de produção independente que fizeram furor nos últimos oito anos. Por essa razão eu também cheguei atrasado a alguns deles. Por essa e porque demorei algum tempo a interiorizar que valeria a pena jogar estes jogos na consola que tinha em casa. Eu, durante algum tempo, tinha na cabeça de que não fazia sentido jogar aqueles jogos num aparelho tão caro.

Sem ter a certeza, arrisco que a primeira experiência foi o o incontornável e maravilhoso "Braid". Algum tempo depois seguiu-se "Limbo" (Playdead, 2010). Não sei o que me levou a experimentar "Limbo", só sei que passado poucos segundos já estava rendido. Há qualquer coisa em "Limbo" que faz com que não seja um jogo, que seja como uma espécie de quadro em movimento, da mesma forma que "Journey" o é.

Artisticamente é lindíssimo. Estive recentemente a jogá-lo na Playstation Vita e apercebi-me também de como o som desempenha uma função primordial em tudo, apesar de nos alertar dos perigos, o fundamental está na forma em como o som desenvolve um papel narrativo, expressando o medo de uma situação que pouco tem de concreto.

O limbo de "Limbo" é a incerteza em que o protagonista se encontra e a indefinição de que se aquilo é uma história de sobrevivência ou um rito de passagem. Se é uma fuga ou uma espécie de libertação pelo tal rito. Os perigos em Limbotanto passam pela mítica aranha - há algo de memorável naqueles 10/15 minutos em que regularmente se foge desta ameaça - como por outros humanos, que tanto parecem andar à caça como a pregar uma espécie de partida.

"Limbo" é um videojogo de plataformas que sabe compensar a falta de uma necessidade de história com mistério. A inexistência de uma resposta para o que se passa é uma conjugação perfeita com o estilo artístico do jogo. O ambiente, o vazio para que suga o jogador é muito cinematográfico. Não por ser cinzento/preto e branco e isso aludir para um certo cinema clássico nórdico (a base da Playdead é dinamarquesa) e, sim, porque há uma conjugação de todos os elementos que nos fazem sentir que estamos a presenciar algo maior do que realmente é.

Essa transcendência de "Limbo" é a sua arma mais forte. Tão desolador como bonito, é um sonho que presenciamos activamente com as mãos. E continua fresco e anos à frente de muitos dos que se seguiram dentro do género.