Trigger Happy - The Inner Life Of Videogames, Steven Poole

Nestas férias levei comigo este livro do Steven Poole que já andava para ler algum tempo. Conheci-o através das excelentes crónicas na Edge e é uma das principais razões pelas quais ainda compro a revista. "Trigger Happy - The Inner Life Of Videogames" (2000) envelheceu muitíssimo mal, embora levante algumas questões interessantes que ao longo deste século têm sido ainda mais debatidas e, de certa forma, resolvidas.

Apesar desse mau envelhecimento, é tremendamente satisfatório para quem cresceu com os videojogos durante os anos 1990 e serve para reviver aqueles momentos em que certos jogos pareciam o limite. Também é curioso olhar e ler sobre alguns deles e perceber as limitações que tinham e como as ultrapassavam. E de como nos anos 1980/1990 existia um risco que hoje parece que se tem muito medo de assumir.

Hoje estava a ouvir esta entrevista ao Brian Colin no The Indoor Kids e de repente apercebi-me de que há alguns anos - até mesmo nos jogos indie - deixaram de existir aqueles jogos de desporto mirabolantes, onde tudo era gratuito e gratificante. Eram muito populares nas 16 bit e lembro-me que ainda existiram alguns na Playstation ("Adidas Power Soccer", entre muitos outros, mas esse ficou-me para sempre na memória), mas o tempo soube enterrá-los bem. Poucos eram realmente bons, mas eram, lá está, gratificantes. Lembro-me que na Playstation, também, existiam imensos jogos de desporto futuristas, alguns bastante interessantes: isso foi uma tendência que definitivamente desapareceu. Sobra o "Wipeout" (vou sempre jogando as novas versões como se ainda tivesse doze anos e estivesse deslumbrado com aquilo) e pouco mais. É estranho no universo indie não surgirem mais jogos que corram o risco de serem simplesmente estúpidos para serem divertidos. Actualmente com a possibilidade de jogar online adoraria jogar algo tão ridículo como "Fever Pitch" ou até "General Chaos".

Esse olhar para o passado-presente através de "Trigger Happy" deixou-me com imensas saudades de algumas coisas. Por mais que eu actualmente goste que os jogos salvem a todo o momento - porque, como toda a gente, tenho menos tempo -, tenho saudades de quando se tinham de repetir grandes troços repetidamente até conseguir passar certa parte. Porque isso trazia outra dificuldade, isso permitia-me viver mais com os jogos mesmo quando não estava com eles. E é por isso que actualmente jogo sempre os jogos no nível maior de dificuldade. Não porque ache que devam ser jogados assim, mas porque preciso que existam mais barreiras. Algo que me impeça de avançar com facilidade, para os jogos - principalmente os shooters - não serem um grande corredor com cut scenes pelo meio.

Também fiquei com uma tremenda vontade de jogar alguns jogos que não tive oportunidade de jogar nos anos 1990 e que ainda me lembro das imagens nas revistas e do "Templo dos Jogos". "Outcast" ficou-me para sempre na memória. Vou tentar resolver isso nos próximos dias.

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