Ontem dediquei algum tempo ao Michael, isto é, a fazer algumas coisas com o Michael enquanto nos intervalos fazia umas missões. Era de noite quando me mudei do Franklin para o Michael, o Michael estava no seu carro preto, deprimido, frustrado com a vida. Pareceu-me uma boa altura para ir a um strip club.
Muito se fala de uma cena de tortura lá para a frente no "GTA V", mas para mim dificilmente superará os quinze minutos que estive no strip club. Havia algo de perturbador a acontecer no ecrã. Por muitas vezes me perguntei porque raio estava a ter um lap dance num videojogo, porque raio estava à espera que o segurança deixasse de ver para poder apalpar a stripper e porque raio estava eu a pensar nestas coisas. Foi extremamente incomodativo o apalpanço, porque a câmara passa para a primeira pessoa e de repente somos confrontados com a totalidade do ecrã cheia de pixéis que afinal são uma mulher, que estamos a apalpar e mandar comentários muita banais. Num jogo. Não foi particularmente divertido, mas de certa forma sentia-me como o Michael, queria algum conforto vazio naquela noite, talvez conseguir ir para a cama com uma stripper. Mas não foi particularmente agradável (especialmente porque fui corrido do bar no momento em que estava quase a satisfazer a segunda stripper do meu double-lap-dance; talvez assim tivesse continuado a noite num quarto manhoso). Mas irei voltar, claro. Gostava de jogar bilhar em "GTA V". Espero que haja bilhar.
PS3
As Crónicas de André Santos em Los Santos #1
Existe um momento nos open world/sandbox em que sentimos aquela necessidade de abrandar um pouco, desfrutar as coisas que existem à nossa volta, viver os prodígios que alguém criou para nós. Normalmente gostamos de entrar um pouco nas missões, sentir a presença da história e deixar o mundo dar-se a conhecer para depois o explorarmos um pouco melhor.
À semelhança de "Grand Theft Auto IV", este V diz-nos imediatamente que qualquer coisa é importante. Com a ligeira diferença em relação ao IV: essas coisas no V parecem ser mais importantes. Não se trata do mundo ser maior, mais vivo, de termos mais personagens para escolher e, inevitavelmente, mais coisas para fazer. E sim, porque desde muito cedo, o trabalho narrativo de "Grand Theft Auto V" é exímio e diz-nos para entrar no dia-a-dia das personagens. E entrar no dia-a-dia das personagens é, na primeira oportunidade que temos, oferecer um novo look ao Franklin, porque o amigo Lamar diz que ele assim não vai arranjar gajas. Pois, não sei. Mas quis-lhe dar um look mais próximo do Cutty de "The Wire". Pareceu-me perfeito e um óptimo pussy magnet.
Mas o que mais me marcou no primeiro dia foi ter passado, depois do prólogo e da introdução, para o Michael pela primeira vez. Primeira coisa que decido fazer? Andar numa montanha russa. Foi curto, divertido e a coisa sensata a fazer às três da manhã. Precisava de uns segundos para pensar no que fazer a seguir. E o que fui fazer a seguir? Fumar um charro, alucinar e matar aliens imaginários. Aqueles vinte minutos foram mais gratificantes do que alguns dias do nosso dia-a-dia.